segunda-feira, 21 de abril de 2014

Cadê os ovos do MEU ninho ?


Toda Páscoa sempre tem seu diferencial, mas tem uma em especial que marcou muito, pois na casa de minha tia Edla em Timbó - SC. Minha tia Edla faleceu cedo, mas lembro dela como uma mulher singular, voz grave, sempre alegre e sorridente, de bem com a vida, adorava uma festa !

Primeira providência: algumas semanas antes da páscoa,  deixar a grama crescer bastante.
Sábado de aleluia roçar a grama, arrumar tudinho, varrer as folhas e fazer ninhos com a grama aparada. 
Era ninho para tudo que e é lado !
Até hoje não sei como o coelho encontra todos.


Lembro bem quer o maior ninho foi pelo meu primo Romeu, colocado bem no meio do gramado.

Domingo pela manha era aquela festança !
Imagina acordar na casa da tia com os primos todos esparramadas pelo chão da sala em camas feitas com cobertores grossos, tudo apertadinho, tudo muito simples, mas muito divertido ! ( sem falar do campeonato de "puns" ! )

O acesso mais utilizado para casa de minha tia era feito pela cozinha,  por uma escada nos fundos.
Ou seja saindo da cozinha, ao alto já se avistava o enorme gramado.
Imagina  o brilho dos nossos olhos ao ver  um monte ovos coloridos pendurados na cerca de arame farpado !
Oh, felicidade !!
Eram casquinhas de ovos revestidas com tranças de papel crepom colorido, muito lindo !

Todos os primos saíram em disparada recolhendo tudo que tinha na frente. 
Neste momento esquecíamos de quem era o ninho de quem.
Lembro bem que chorei porque meu primo Romeu, que já era bem maior do que eu, era de casa, e saiu correndo na frente  recolhendo tudo, inclusive as coisa do MEU ninho, do ninhoque EU tinha feito ! 
Imagina uma loirinha, magrela, azeda, chorando aos berros !

Falando com meus irmãos Hildete e Almir, eles também lembram do Romeu pegando tudo...
Coisa de criança, pois o Romeu hoje em dia é um doce de pessoa, que não faz mal nem para um barata. ( se estiver errada me corrijam - rsrsrs)

Mas ao final tudo se resolvia, porque tudo era repartido direitinho.

Naquela semana almoço, café e janta era só chocolate, balas e amendoim. E muitas vezes muita dor de barriga...

O amendoim era preparado com açúcar branco. Ainda não tinham os amendoins vermelhos dos dias atuais. Minha vó Herta fazia alguns que eram bem picados e crocantes, diferentes de todos, uma delícia. Nunca mais encontrei aquele tipo.
Ainda posso sentir o cheio de chocolate misturado com palha das caixas de chocolates que vendíamos na loja de meu pai. Eram da marca Saturno, fabricados em Blumenau .
As caixas eram de papelão bege,  lacradas com fita durex transparente, onde dentro tinham os chocolates em formato de coelhos ou ovos, acomodados em  palha bege, outros eram armazenados com as grades de papelão.
No lugar da palha, muitas vezes eram colocados retalhos de papel chumbo, bem lisinhos, maravilhosos, estes eu gurdava poara mim.
As barrinhas de chocolate vinham com um pintinho saído da casca, os ovos e coelhos eram envoltos com papel chumbo nas cores vermelho, azul, rosa, amarelo. Os maiores e mais caros eram ainda envoltos com papel celofane e recebiam um larga fita de cetim.

Tempo gostoso !

Até hoje em dia preservo as tradições da páscoa, enfeitar a casa, fazer amendoim para encher as casquinhas, ninhos de grama, procurar as guloseimas, e principalmente,  ir ao culto de pascoa, pois sem isto as demais coisas não teriam sentido...

Ovos cozidos coloridos - preparados com corante e vinagre e agua

O resultado é muito bonito !


Confecionando as casquinhas com papel crepom


sexta-feira, 4 de abril de 2014


Nada acontece por acaso !



Numa quinta feira - dia 14-11-2012, tinha planejado ir para o centro, pela manhã, para resolver uns assuntos, mas faltou carro na empresa. Meu carro particular estava em casa, limpinho. Resolvi ir na segunda feira próxima.

Nisto ligam do cartório que deveria retirar um processo.
Em seguida me liga meu filho Eduardo se ele poderia passar o feriadão na caso do amigo em São Bento do Sul.
Mudança de planos, iria depois do almoço para o centro, pegaria o processo no cartório e levaria para o 2 oficio, e aproveitaria para levar o Eduardo na caso do amigo, facilitado a carona para São Bento.

Foi o que fizemos, saímos de casa as 14:00 horas e tudo deu tão certo, exceto o pessoal ligando que talvez precisassem do carro da empresa.
Até ai tudo bem, eles podem se virar sem, pois levaria no máximo uns 45 minutos para voltar, devendo estar lá em torno das 15:00 horas.

O amigo do Eduardo mora no morro da Maternidade Elsbeth Koehler. E nas muitas vezes que já fiz este trajeto sempre pensava: preciso fazer uma visita para D, Ana! Mas sempre o horário não condizia com as rotinas do asilo.

Deixei o Eduardo na caso do amigo, e na descida do morro o carro meio que foi guiado para esquerda, subindo em direção ao asilo. O pequeno estacionamento estava cheio de carros, tive que fazer o retorno.
Pensei será que devo mesmo fazer isto ? 
Estão precisando do carro... Deixa prá lá, é hoje que eu vou quebrar as regras !
Estacionei e fui um pedaço a pé, toquei a campainha e logo a porta se abriu, dei a volta no corredor e vi uma moça ao telefone. Esperei um pouco e logo ela me atendeu : 
- Boa tarde, no que posso servi-la ? 
- Eu quero visitar a D. Ana ! Mas não sei se ela vai me reconhecer...
A moça simpática chamou outra pessoa para me acompanhar.
- Oi,  quero visitar a  D. Ana !
- Você pode esperar um pouco, pois ela está num culto !
- Eu posso ir no culto, posso participar ?
Entrei na porta e logo lá estava a D. Ana, toda arrumadinha, com seu colar de perolas, empunhando a bengala.
Apenas entrei, e sem atrapalhar a predica do pastor, ficando de pé ao lado. De imediato outra senhorinha fez lugar na banqueta do piano para que pudesse sentar. Silenciosamente me sentei e fiquei ouvindo, vez ou outra a D Ana olhava para o lado em minha direção, meio desconfiada.

"Quando você tiverem alguma dor, vocês devem falar para os médicos", falava o pastor. 
E continuou: " Teve uma vez que um senhor estava com muita dor de cabeça e não falou nada e depois de muito tempo foram ver a cabeça dele a acharam um "carrapato",e o carrapato já tinha entrado na
cabeça..."  
Imagina a cara de espanto de todas as velhinhas ! - tive que dar uma silenciosa gargalhada.

O pastou terminou com um canto e liberou as pessoas.

Como já disse : ando sem documento, mas nunca sem maquina fotográfica !

Resolvi tirar umas fotos, primeiro do todo.

Fui me identificar para D, Ana, mas não me reconheceu, mas lembrava-se de minha fisionomia.
Conversei um pouco e logo mais senhoras estavam na roda.
- Vamos tirar uma foto D. Ana ? Todas as velhinhas rapidamente se posicionaram e de imediato queriam tirar foto. Dois click e já queriam se ver na digital.

- Hoje isto é uma maravilha - disse uma
- Nossa como estou gorda ( sabe engordei 800 gramas  !!! - estava indignada a outra! )

Nisto a D Ana fala que ela estava fazendo 83 anos - pensei comigo, tadinha ela pensa que tem aniversário hoje, só porque vim fazer uma visita...  
A outra complementa : é, hoje pela manha nos tiramos fotos dela com a vela e o presente ! ...
Tadinhas, estão todas "fora da casinha"....E eu sabia que D. Ana tinha mais de 90 anos !

Olhei para o lado e perguntei para uma cuidadora : 
- É verdade que hoje é o aniversário da D.Ana ???
- É sim !
Não sabia o que dizer, fiquei abismada, pois não tinha a mínima noção de que poderia ser o aniversário dela.

Bela coincidência ! Foi Deus que lhe enviou aqui - disse uma outra.

Nisto aparece uma senhora com sua digital na mão para fazer mais fotos...
Tirou algumas fotos , mostrou outras que tinha tirado de manhã da festinha para D. Ana e depois nos levou para o quarto dela, onde queria tirar mais fotos. A D. Ana e eu nos sentamos no sofá e a D. Mirna (acho que este é nome ) observou o campo da foto e percebeu alguns objetos que ficariam feios e os tirou dali para fazer uma foto bonita. Tirou as fotos. (gostei do profissionalismo da fotografa )
Depois foi buscar uma coca cola para brindarmos o aniversário !!!

Foram cerca de 45 minutos muito bem empregados, adoro fazer coisas sem muito planejamento - isto aprendi com o Dieter - as coisas feitas de surpresa são as melhores.

Detalhe : prometi para D. Mirna que voltaria para vê-la tocar o teclado.

Com o tempo a D. Ana acho que me localizou nas memórias dela, pois lembrou do Dieter, lamentou e perguntou se eu morava sozinha e se já tinha casado de novo, e como falava sempre que me via : essa mulher é muito linda.

Sei que retornei para empresa às 16:50 horas, e estavam precisando do carro...


Me senti culpada pela empresa, mas de bem comigo mesma: tipo criança pequena que fez uma travessura.

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